terça-feira, 27 de dezembro de 2016

Há Vezes É Necessário Pedir Por Menos Educação

Uma das maiores idiotices do mundo moderno é essa exigência maluca por mais educação. Alguém colocou na cabeça do povo essa bobagem e desde então a massa bovina vive de repetí-la. Mas como culpar o povo? Ora, pedir por educação parece algo tão nobre. Afinal, é tão bonito arrotar um amor incondicional por conhecimento.
Pouco importa se você é um doutor ou um analfabeto que precisa assinar com um X, é aqui que elite e povão dão as mãos e dançam a noite toda em volta da fogueira como pagãos felizes em um ritual de agradecimento enquanto cantam juntos: "educação". Também é aqui que direita e esquerda, conservadores e progressistas, religiosos e ateus dão as mãos. E, antes que me esqueça, também humanas e exatas.
Só tem um problema (e nem vou mencionar a questão do uso ideológico da educação como instrumento de subversão): a tão sonhada educação é limitadora. Quanto mais educação sua criança recebe, mais formalismos intelectuais lhe são impostos, limitando mais e mais seu pensamento. Hoje, mais do que nunca, há uma preocupação histérica em encher as crianças de atividades, visando desde cedo a melhor formação possível para que possa ter um futuro brilhante. E no pouco tempo livre? Celular, tablet, computador, notebook, tv etc. Brincar com a imaginação se tornou coisa do passado... Cada segundo da vida da criança - seja na escola, na creche, na internet, em algum curso qualquer - significa mais lixo pra ser acumulado. Você já viu aqueles programas de TV sobre acumuladores? Você pode dar as maiores riquezas do mundo para um acumulador, e ainda assim ele dará conta de transformar todo aquele luxo em lixo. Compare a casa desse hipotético "acumulador bilionário" com a casa de um homem extremamente pobre mas muito bem organizado. Um pode viver muito bem numa casa com pouco e com aquele pouco fazer muito. O outro, mesmo com todo aquele luxo, mal consegue se mover na própria casa: às vezes, é um milagre conseguir encontrar um lugar para cozinhar, comer, tomar banho, dormir etc. Com conhecimento é a mesma coisa. E é esse o problema da educação: produzir acumuladores em escala industrial. Será que ninguém ainda se perguntou como é possível que numa época com tanta educação não tenhamos nem mesmo uma fração (nem em qualidade, nem em quantidade) da produção intelectual dos séculos anteriores?
Antes que me esqueça: Isso também se aplica aos adultos. Um exemplo são as faculdades que insistem em formar profissionais para o mercado de trabalho. Compare um programador que tenha curso superior com um programador que aprendeu tudo sozinho apenas por diversão, sem se preocupar com mercado. Seria sacanagem comparar um Linus Torvalds com um programador de alguma empresinha que faz software de cadastro de clientes (sei que o Linus tem faculdade, mas já programava antes do curso superior e reprovou sei lá quantos anos porque não estava interessado no que ensinavam no curso, mas apenas em seu kernel, o Linux)? Então posso comparar com Marcelo Tosati, Alfredo Kojima.. Saindo do Linux, podemos ver a história do John Romero, da ID, que começou a programar jogos por diversão (e criou Doom, Wolfenstein 3D, Quake, Daikatana), o Ken Silverman, que por diversão criou o Build engine (usado em jogos como Duke Nukem 3D, Blood e Shadow Warrior). Há também o Steve Jobs, que decidiu por um curso de caligrafia no lugar da faculdade. Me lembro de uma palestra do Jon Maddog Hall, presidente da Linux International, que assisti(que acho que ainda está online no youtube), onde ele dizia que antes de existirem faculdades de computação, os primeiros hackers com curso superior costumavam ter um diploma de Matemática ou Física (e alguns de outras áreas que não tinham nada a ver). Se não me falha a memória, ele dizia que tais caras revolucionaram a computação de uma forma tão impressionante por não terem uma formação específica para limitá-los intelectualmente, nem para forçar a direção de seus olhares para algo tão raso como o "mercado"....

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